Que o mercado financeiro funciona em ciclos isso não é nenhuma novidade. Mas porque será que muitas pessoas são pegas de surpresa neste mercado? A resposta para essa pergunta é bem mais simples do que possamos imaginar. Normalmente as pessoas prendem seu foco no futuro, para o que vai acontecer, querendo prever os movimentos que virão, esquecendo de analisar o passado. E é exatamente o passado que nos mostra o que pode acontecer no futuro a partir de uma análise de repetição de ciclos.
É exatamente o que o gráfico da Inversão da Curva de Juros está nos mostrando. Esta inversão acontece todas as vezes que o gráfico cruza ou toca a linha divisória do gráfico, momento este que os juros dos títulos de curto prazo (até 2 anos) acabam pagando mais do que os títulos de longo prazo (até 10 anos). E por que essa inversão é tão importante? Quando essa inversão acontece, historicamente enfrentamos recessões após esses acontecimentos. Analisando o gráfico olhando para o passado, podemos identificar um histórico de inversões ao longo dos anos:
1980 – Aconteceu um inversão da curva de juros, gerando uma recessão entre 1982 e 1983.
1988 – Outra inversão na curva de juros, gerando a recessão do início dos anos 90.
2000 – Mais uma inversão da curva de juros, provocando uma recessão entre 2001 e 2003.
2007 – Nova inversão da curva de juros, causando a recessão de 2008 e 2009.
2022 – Nós estamos agora em uma zona de inversão da curva de juros muito acentuada, o que pode estar prevendo uma forte recessão para o ano de 2023.
Todo o mercado financeiro mundial está acompanhando de forma preocupada esta repetição de tendência, tendência a qual pode estar nos indicando de forma antecipada uma possível recessão mundial. Devido este cenário, os especialistas do mercado indicam que as principais economias do planeta precisam cortar seus juros o mais rápido possível para não agravar essa realidade, evitando assim uma recessão mais severa.
Outros dados econômicos que aumentam o grau de alerta para este cenário são vistos nas mais diversas áreas do mercado, como: o Black-Friday de 2022 foi muito abaixo do esperado pelos principais especialistas do mercado, onde o volume de vendas foi bem menor em comparação com os anos anteriores. O preço do petróleo vem caindo de forma rápida, com o preço do barril do petróleo Brent sendo negociado a aproximadamente US$ 84. O comércio varejista ao redor do mundo vem sofrendo com o excesso de estoque, resultado de dois anos de cadeias de suprimentos irregulares, onde para não ficar sem mercadoria devido todas as incertezas do mercado nos últimos meses, acabaram comprando mais do que de costume. E para resolver esse problema, ou o varejo baixa os preços, ou não conseguirão vender as suas mercadorias.
Os consumidores estão cada vez mais gastando suas economias em serviços pessoais e refeições do que em produtos mais duráveis como móveis e eletrônicos, reflexo do maior controle financeiro causado pela crise do COVID que acabou atingindo todo o planeta. E por último, os valores dos aluguéis e de carros usados começam a apresentar queda, gerando uma grande oferta no mercado.
Devido todos esses pontos, os analistas do mercado alertam para que caso não haja uma queda nos juros, os mercados não irão conseguir suportar muito tempo esse cenário, gerando menos capital devido a queda dos preços (como foi apresentado alguns exemplos acima) e pagando juros cada vez mais altos, o que pode provocar uma grande quebradeira nos mercados.
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