Sinceramente, escrevo sobre a C&A agora somente para alimentar meu ímpeto especulativo e por gostar de ações que estão muito baratas. Mas não ignorarei os problemas que rondam a empresa.
Primeiramente, para quem ainda não sabe, eu estudo as companhias negociadas em bolsa sob os princípios que aprendi nos livros de Benjamin Graham, principalmente no livro “O investidor inteligente”. E, juntamente, me utilizo da análise gráfica e de alguns indicadores técnicos (médio móvel simples e o IFR). Tudo isso para me ajudar a tomar as melhores decisões na hora de investir.
Pois bem. O primeiro e o segundo critérios que gosto de ver é sobre o preço. O topo histórico da CEAB3 é de R$ 19,47 (linha branca do gráfico) que aconteceu no final do ano de 2019. Gosto de empresas que estejam sendo negociadas a pelo menos 50% abaixo do seu topo histórico. Ou seja, para essa situação, tem de estar abaixo de R$ 9,73 (linha amarela do gráfico).
O segundo critério tem a ver com o valor intrínseco da companhia que é calculado por meio da raiz quadrada de (22,5 x LPA x VPA), sendo LPA o Lucro por Ação da empresa e VPA, o Valor Patrimonial por Ação da empresa. CEAB3 tem um LPA igual a 1,02 e um VPA igual a 9,17. Logo, o seu valor intrínseco é de R$ 14,51 (linha vermelha do gráfico). Novamente, gosto de empresas que estejam sendo negociadas a pelo menos 50% abaixo de seu valor intrínseco, oferecendo, dessa forma, uma margem de segurança considerável. Ou seja, para essa situação, tem de estar abaixo de R$ 7,25.
Hoje, 14 de maio de 2022, CEAB3 registra um preço de compra de R$ 3,32. Dessa forma, ela cumpre com os estes dois critérios iniciais de avaliação.
Em seguida, como terceiro critério de avaliação, presto atenção no P/VP (Preço sobre Valor Patrimonial) e no P/L (Preço sobre Lucro) da empresa. Ela tem de ter um P/VP abaixo de 1,5 e um P/L abaixo de 15,00. CEAB3 tem um P/VP igual a 0,36 e um P/L igual a 3,25. Assim sendo, novamente, ela cumpre com o terceiro critério de avaliação.
E, apenas como critério de exclusão, uso um quarto critério que é sobre a perenidade da companhia. Ela precisa possuir trinta anos ou mais de atividade empresarial. Como a C&A foi fundada em 1841, sendo, pois, uma companhia centenária, com os seus 181 anos de existência, ela cumpre com louvor este critério.
Passados por estes critérios, devemos prestar atenção na qualidade do balanço patrimonial da companhia. Ela precisa possuir uma condição financeira suficientemente forte, uma estabilidade de lucros, e um histórico de dividendos consistente. E é aqui que a C&A falha diante dos critérios de avaliação que aprendi a avaliar.
Para que ela tenha uma condição financeira suficientemente forte, ela deve possuir um ativo circulante maior do que seu passivo circulante e um patrimônio líquido maior do que o seu passivo não circulante. CEAB3 até possui um ativo circulante (R$ 3.929.398.000,00) maior do que o seu passivo circulante (R$ 2.415.055.000,00), mas não possui um patrimônio líquido (R$ 2.995.009.000,00) maior do que seu passivo não circulante (R$ 3.262.602.000,00).
Ela também não possui estabilidade de lucros. De 2016 até 2021, ela registrou prejuízos em dois anos (2016 e 2020). Além do que, ela não é pagadora consistente de dividendos. A última vez que registrou distribuição de rendimentos foi em uma única vez no ano de 2019.
É por causa destes critérios contábeis, na qual a C&A não consegue passar, que torna um possível investimento em suas ações ser especulativo. Mas devo salientar que de todas as empresas deste setor e indústria (Comércio de Varejo de Roupas e Calçados), a que mais se destaca, e que consegue passar pelos critérios iniciais de avaliação, é a CEAB3.
Devemos lembrar que hoje o Brasil sofre com uma inflação de 12,13% e uma taxa SELIC de 12,75%. Esses dois fatores influenciam para que haja um aumento generalizado nos preços e uma baixa considerável no oferecimento de crédito.
Diante dessa realidade é de se compreender que o consumidor irá pensar várias vezes antes de comprar uma roupa/calçado que esteja a um preço mais alto do que antigamente e/ou que não possua crédito (ou até tenha um crédito, mas a taxas de juros altos) que não o ajudem a realizar a compra.
Então é de se esperar que a companhia como a CEAB3 irá sofrer diante de uma realidade tão desafiadora sob o ponto de vista macroeconômico.
Graficamente, a tendência é de baixa.
Na semana do dia 09/05/2022, a ação atingiu a sua mínima de R$ 2,94 (mínima histórica até o momento). Fechou a mesma semana a R$ 3,32.
No momento se encontra em um canal de baixa (as duas linhas paralelas azuis), abaixo da média móvel simples e o IFR abaixo de 30 pontos, ou seja, se encontra na região de sobrevendido, indicando oportunidade de compra.
Diante de tudo isso, é possível que o preço das ações continue caindo? Sim, é perfeitamente possível. Da mesma forma que é perfeitamente possível que a companhia continue a sofrer diante de uma inflação e taxa de juro altas.
No entanto, se a companhia conseguir passar pelos desafios atuais e manter o seu valor intrínseco alto, considero que o preço atual seja uma oportunidade de investimento de longo prazo para a valorização do preço da ação no futuro mais promissor, tanto para a companhia, quanto para a economia brasileira de um modo geral, como também para a bolsa de valores brasileira.
Esta análise não é indicação de compra, muito menos sugere indicação de investimento. Ela apenas reflete o resultado de um estudo crítico da bolsa de valores frente aos princípios aprendidos até aqui e interpretação de critérios de avaliação de companhias listadas em bolsa.
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